domingo, 27 de janeiro de 2008

Oração a si mesmo...




(Texto de Oswaldo Antônio Begiato)
Você faz uma prece ao levantar ou ao se deitar?

Já fez uma prece a si mesmo?

Olha só:

Que eu me permita olhar, escutar e sonhar mais.

Falar menos.

Chorar menos.

Ver nos olhos de quem me vê a admiração que eles me têm e não a inveja que penso que têm.

Permitir sempre escutar aquilo que eu não tenho me permitido escutar.

Saber realizar os sonhos que nascem em mim e por mim e comigo morrem por eu não os conhecer.

Então, que eu possa viver os sonhos possíveis e os impossíveis;

Aqueles que morrem e ressuscitam:

A cada novo fruto,

A cada nova flor,

A cada novo calor,

A cada nova geada,

A cada novo dia.

Que eu possa sonhar o ar,

Sonhar o mar,

Sonhar o amar,

Sonhar o amalgamar.

Que eu possa substituir minhas palavras pelo toque,

pelo sentir,

pelo compreender,

pelo segredo das coisas mais raras,

pela oração mental (aquela que a alma cria e que só ela, ouve e só ela, responde).

Que eu saiba reproduzir na alma a imagem que entra pelos meus olhos fazendo-me parte suprema da natureza, criando-me e recriando-me a cada instante.

Que eu possa chorar menos de tristeza e mais de contentamentos.

Que meu choro não seja em vão, que em vão não sejam minhas dúvidas.

Que eu saiba perder meus caminhos, mas saiba recuperar meus destinos com dignidade.

Que eu não tenha medo de nada, principalmente de mim mesmo:

que eu não tenha medo de meus medos.

Que eu adormeça toda vez que for derramar lágrimas inúteis

e desperte com o coração cheio de esperanças.

Que eu faça de mim um homem sereno dentro de minha própria turbulência,

sábio dentro de meus limites pequenos e inexatos,

humilde diante de minhas grandezas tolas e ingênuas

(que eu me mostre o quanto são pequenas minhas grandezas e o quanto é valiosa minha pequenez).

Que eu me permita ser mãe, ser pai, e, se for preciso, ser órfão.

Permita-me ensinar o pouco que sei e aprender o muito que não sei,

traduzir o que os mestres ensinaram e compreender a alegria com que os simples traduzem suas experiências; respeitar incondicionalmente o ser;

o ser por si só, por mais nada que possa ter além de sua essência, auxiliar a solidão de quem chegou, render-me ao motivo de quem partiu e aceitar a saudade de quem ficou.

Que eu possa amar e ser amado.

Que eu possa amar mesmo sem ser amado,

fazer gentilezas quando recebo carinhos;

fazer carinhos mesmo quando não recebo gentilezas.

E... que eu jamais fique só, mesmo quando eu me queira só.

É Loucura...


É loucura...


Odiar todas as rosas porque uma te espetou...

Entregar todos os seus sonhos porque um deles não se realizou...

Perder a fé em todas as orações porque numa não foi atendido...

Desistir de todos os esforços porque um deles fracassou...


É loucura...

Condenar todas as amizades porque uma te traiu...

Descrer de todo o amor porque um deles te foi infiel...


É loucura...

Jogar fora todas as chances de ser feliz porque uma tentativa não deu certo...

Espero que na sua caminhada não cometa estas loucuras!

Lembrando que sempre há uma outra chance...


Uma outra amizade...

Um outro amor...

Uma nova força...

É só ser perseverante

E procurar ser mais feliz a cada dia.